E com três patas equilibrando
Descendo as ruas do descaso
Encarando a face do abandono
Das goteiras do terraço
Que escorrem do meu reduto
Minha decência em trapos
Sob o viaduto
Meu coração no sufoco
Minha paciência inadimplente
Meu sorriso encardido
Meu olhar indigente
Urinando nos postes
No labirinto do vicio
A beira da loucura
No trampolim do precipício
Inútil vida amarga
Esturricada ao sol
Eu teria mais serventia
Imerso em tanques de formol
Seria peças para estudantes
Teria uma existência após a morte
Manuseada friamente em aulas
Por luvas de látex branco
Sentindo melhor morto
Do que definhando
Chega de ser dócil
Eu aceito meu destino
Nasci para ser um fóssil